quarta-feira, 16 de janeiro de 2013

O 8 e o 80 - um artigo profético de 1993, quando a procissão ainda não tinha saído do adro...

   No final do ano de 1992, quando já se ouvia falar, pela primeira vez, em "excedentários" da Função Pública, e já estava em marcha acelerada o processo de privatizações, ainda em pleno "cavaquismo", escrevemos um artigo publicado que viria a ser publicado num quinzenário de Bragança, "A Voz do Nordeste", faz agora 20 anos! 
   Nesse artigo, intitulado "O 8  e o 80 ou a morte do Estado?" denunciávamos já o desvario que tem agora o seu auge, 20 anos passados. Aí dizíamos que, depois dos excessos do PREC, em que se pretendia nacionalizar toda a economia, se estava a entrar noutro excesso: o de privatizar toda a economia. E verberávamos esta tendência do Homem de ziguezaguear sempre entre extremos e a sua incapacidade de procurar o justo equilíbrio no princípio do meio-termo, a justa medida dos Gregos antigos (coitados, mal sabiam o que os esperava dois mil e quinhentos anos depois, e nós com eles), ou, como diz o nosso povo: nem tanto ao mar, nem tanto à terra...
   Aí se denunciava também que por detrás da tentativa de defenestrar os funcionários públicos e destruir toda o sector público, estava o virús ávido do Capitalismo, para sugar melhor todo o cidadão que, estupidamente, até batia palmas, no seu ódio ao funcionário público (os que o não eram/são), tidos como uns privilegiados por terem ordenado certo e não fazerem nenhum (era e é o chliché).
   Já nessa altura o sr. Prof. Aníbal, o pai dest'outro Monstro, tinha proclamado que "menos Estado era melhor Estado" - a teoria da omlete sem ovos. É claro que, se há função pública a mais, há que proceder a ajustamentos, mas não é isso que eles querem. Os seguidores das doutrinas neo-liberais, que aqui, através do Prof. Aníbal chegaram em 2ª mão por interposta pessoa da Srª Tatcher, por sua vez seguidora do teórico Von Hayeck (que com Milton Friedman era um dos gurus da chamada "Escola de Chicago"), achavam (e acham) que o Estado mínimo permite que o cidadão pague menos impostos (pois, se não tem de pagar certos serviços públicos), para compensar o pagamento da mais-valia (o lucro) da prestação dos serviços por privados que, também teoricamente, trabalham mais e mais eficientemente, do que os amodorrados funcionários públicos. Ora, o que nos diz a prática? Com tudo o que já foi privatizado, será que os impostos baixaram? - todos sabem que não, antes pelo contrário! E a qualidade dos serviços melhorou? - na maior parte dos casos não se nota diferença, antes bem pelo contrário. E, como se denuncia no documentário aqui já postado (neste blogue) sob título "Catastroika", a privatização, por exemplo, da Energia/Electricidade, na Grécia (como cá) só serviu para vender (no nosso caso aos chineses) o que os cidadãos (através das empresas públicas, como no nosso caso, a EDP, ou, noutros tempos a Hidroeléctrica do Douro e etc.) já tinham pago!! Alguém viu a factura da electricidade baixar? - pelo contrário, preparam-se para mais aumentos, já que o novo patrão chinês não está cá para ajudar ninguém, está é para sugar, e também é preciso pagar aos novos Cristóvãos de Moura e Miguéis de Vasconcelos, que agora se chamam Mexias e quejandos....

Enfim, fica o aviso (para não lhe chamar PROFECIA), através de uma velha lei da física (enunciada pelo grande Isaac Newton): a toda a acção pode corresponder uma reacção igual e em sentido contrário. Do mesmo modo que ao desvario do PREC da 2ª metade dos anos 70 correspondeu uma certa "reacção", pode ser que agora, a este novo PREC ao contrário, corresponda uma nova reacção - ou, diferindo a matriz, se terá que chamar de REVOLUÇÃO....

Aqui ficam os recortes de "A Voz do Nordeste", secção "Diz tu, direi eu", 19.01.1993:

 
[Clicar sobre os recortes para AMPLIAR]

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