sexta-feira, 30 de agosto de 2013

E O SOL NÃO SERÁ O LIMITE!....

A voragem do sistema capitalista assenta numa palavra sacrossanta: PRIVATIZAR!!! = apropriação do objecto qualquer que seja, fabricado ou natural, e até da própria paisagem, como já há mais de 150 anos o constatou um «selvagem», o grande chefe Seattle - obrigatório ler aqui a sua carta ao chefe branco de Washington: http://arcodealmedina.blogs.sapo.pt/15806.html , um hino à Natureza, e uma lição ao chefe da nação-expoente-máximo-do-Capitalismo, uma nação que nasceu a matar índios e a escravizar negros e que faz do "vale-tudo" a essência do seu sonho, o "American Dream of way"....
E esse é o modelo que está a ser exportado para a Aldeia Global a ferro e fogo...
E os seus catecúmenos, nessa linha de pensamemnto e acção, continuam o tal lema do Privatizar, Privatizar!!...
Já há anos parece que uma empresa americana andou a vender talhões... na LUA!!! - Claro que isto se pode descartar um pouco como conto de vigário, mas esta agora não é grupe:

PRIVATIZAR O SOL...IBERDROLA RENOVABLES

A realidade espanhola, respaldada por uma nova lei, segundo a qual, como se não bastasse a posição dominante no mercado da gigantesca empresa eléctrica espanhola, qualquer cidadão ou empresa que seja apanhada a auto-abastecer-se de energia eléctrica, recorrendo, por exemplo, a placas solares, sem pagar uma taxa à Iberdrola... pode estar sujeito a uma multa capaz de atingir os sessenta milhões de euros... uma ameaça perfeitamente terrorista.
Ou seja, a Iberdrola conseguiu convencer o estado espanhol... a privatizar o Sol!!!

.............................

... PRIVATIZAR O SOL!!! A nível mais terreno, depois da Água, virá o AR..... Apetece dizer, com Saramago:

«Privatize-se tudo, privatize-se o mar e o céu, privatize-se a água e o ar, privatize-se a justiça e a lei, privatize-se a nuvem que passa, privatize-se o sonho, sobretudo se for diurno e de olhos abertos. E finalmente, para florão e remate de tanto privatizar, privatizem-se os Estados, entregue-se por uma vez a exploração deles a empresas privadas, mediante concurso internacional. Aí se encontra a salvação do mundo... e, já agora, privatize-se também a puta que os pariu a todos.»
José Saramago - Cadernos de Lanzarote - Diário III - pag. 148

segunda-feira, 26 de agosto de 2013

Coitadinho do pirómano....

Mais uma notícia (das raras) em que se refere mais um pirómano capturado. Como é costume, o homem conseguirá um atestado de inimputabilidade e, tarda nada, não lhe acontece nada. De caminho lucraram as empresas de aluguer de meios aéreos, os vendedores de mangueiras e auto-tanques, de capacetes e uniformes, que o dinheiro do Zé paga tudo.
É curioso como de tempos a tempos se apanha (ou diz apanhar) um pirómano, esguios que eles são. Todavia, que mão oculta anda por trás deste gigantesco negócio, com agentes bem mais esguios e inatingíveis? E os que vão lucrar com a terra queimada? - Esperem só pelo telefonema dos compradores de terras, para um dia as emparcelarem para florestação... - Pois, prendam-me agora por levantar suspeições e falsos testemunhos e aderir a teorias da conspiração! Sim, prendam-me, amordacem-me, mandem-me para as vossas inquisitoriais fogueiras! - mas hei-de repetir até ao fim que por detrás do piromanozinho, coitadinho, estão as mão ávidas, já não do telhal do Soeiro Pereira Gomes, mas de um capitalismo sem rosto, para o qual tudo é "BUSINESS"!...
Quem lucra com isto dos fogos, sem se importar que morram pessoas e animais, se detrua o nosso património verde, se vistam os campos de luto? Sim, quem lucra? - por aqui é que tem de começar uma verdadeira investigação e uma verdadeira operação "mãos limpas". Mas quem investiga é pago pelo "sistema", e, obviamente, seria "queimado" logo que começasse a concluir alguma coisa de mais concludente...

Aqui fica:

«Crime PJ deteve suspeito de atear fogo em Vila Nova de Foz Côa

A Polícia Judiciária (PJ) anunciou hoje a detenção, em Vila Nova de Foz Côa, de um homem de 66 anos, agricultor, residente naquele concelho, por crimes de incêndio florestal e detenção de arma proibida.

Segundo o Departamento de Investigação Criminal da PJ da Guarda, o homem, detido com a colaboração da GNR de Vila Nova de Foz Côa, é o presumível autor do crime de incêndio florestal, ocorrido no dia 23 de agosto na freguesia de Freixo de Numão, naquele concelho do norte do distrito da Guarda.

A fonte adianta que o detido vai ser presente a primeiro interrogatório judicial para aplicação de medidas de coação tidas por adequadas.

Ao suspeito foram ainda apreendidas várias munições para utilização em arma de fogo, refere a PJ no mesmo comunicado enviado à agência Lusa.

A PJ anuncia que, no corrente ano, procedeu já à identificação e detenção de 42 pessoas pela autoria do crime de incêndio florestal.»

In "Noticias ao Minuto" - http://www.noticiasaominuto.com/pais/101196/pj-deteve-suspeito-de-atear-fogo-em-vila-nova-de-foz-c%c3%b4a#.UhtEeL5dY54

terça-feira, 6 de agosto de 2013

Criancices & adultices

Porque nos sentimos "visados", uma vez que já por aqui usámos a comparação, e entendendo bem a ironia do comentador José Morgado (in Público, 2013.08.06), aqui postamos a sua jocosa crónica:


Opinião

«Criancices e adultices
José Morgado

06/08/2013 - 08:59
Em tempo de férias, umas notas sobre uma matéria que eventualmente poderá parecer estranha mas que ainda assim gostava de partilhar, com a vossa licença.

De há uns tempos para cá e com uma mais acentuada frequência no decurso da recente crise política, começámos a ver escritas e a ouvir apreciações aos comportamentos e atitudes de boa parte dos actores políticos envolvidos e mais responsáveis pela situação, que remetem para o universo dos miúdos e dos seus comportamentos.

A título de exemplo, na comunicação social e nos discursos de diferentes analistas e opinadores encontramos referências, como "garotada", "garotice", "bando de garotos irresponsáveis", "trapalhada de jardim de infância", "birras de miúdos", etc.

Peço desculpa, mas ainda que não tenha qualquer mandato de defesa por parte dos mais novos, acho que os miúdos não merecem tal comparação.

Na verdade e do meu ponto de vista, o que boa parte desta gente tem andado a fazer são sobretudo jogos de jogos de poder, contas sobre interesses de natureza partidária, umbiguismo e defesa de interesses corporativos e pessoais com custos imensos para milhões de pessoas. Nesta perspectiva, creio que o espectáculo deprimente de mediocridade e incompetência, de despudor, insensatez e irresponsabilidade de muitos dos discursos e atitudes a que vamos assistindo, tem pouco a ver com o mundo dos miúdos.

Quero sublinhar que, tal como não tenho uma visão idealizada dos comportamentos dos mais novos, também não quero proceder a uma diabolização sem sentido da acção dos actores políticos, limito-me a observar e a pensar em muito do que nos é dado a conhecer.

No entanto, creio que de uma forma geral os miúdos são sérios. Aliás brincar é mesmo das coisa mais sérias que fazem enquanto muito do que assistimos mostra que alguns destas actores não constituem um bando de garotos, mas um bando de gente incompetente e alguns bem medíocres.

Poupem, pois, os miúdos a comparações injustas e que eles não merecem.

A propósito desta questão e na mesma linha, pedia-vos ainda um pouco mais de paciência para uma outra situação

De há uns tempos para cá entrou no léxico comum uma terminologia vinda da área da saúde mental também para apreciar comportamentos e discursos na vida política ou social. A banalização deste comportamento representa do meu ponto de vista, ainda que não intencionalmente, uma enorme ofensa ao sofrimento das pessoas e das famílias que lidam com quadros clínicos desta natureza.

Vejamos alguns exemplos. É muito frequente a referência a estados de depressão, o país está deprimido, os mercados estão deprimidos, algumas regiões portuguesas são consideradas deprimidas, etc. Diz-se com todo o à-vontade que certos comportamentos políticos podem ser suicidas, seja de pessoas ou de partidos. Inventaram até um quadro de claustrofobia democrática, seja lá isso o que for. Não há opinador, amador ou profissional, que não se refira a autismo ou a autista para adjectivar discursos e comportamentos políticos que, noutra variante, também são apreciados como esquizofrénicos.  Multiplicam-se as referências a pessoas que assumem compulsivamente estratégias de vitimização, etc., etc. A utilização destas palavras nestes contextos causam-me na verdade algum desconforto.

Aliás, deve recordar-se que a Assembleia da República aprovou uma moção no sentido de se não utilizar tal terminologia nos debates parlamentares.

Mais uma vez e sem subscrever um discurso dirigido à santidade ou ao "politicamente correcto" fundamentalista e sem sentido, julgo que as palavras e as pessoas merecem o uso adequado.

Como disse no início, talvez estas notas vos pareçam algo estranhas mas ainda assim ... aqui ficam.

Continuação de boas férias, se e quando for o caso.»

José Morgado é professor universitário no ISPA - Instituto Universitário
Cf:  http://www.publico.pt/politica/noticia/criancices-e-adultices-1602330?utm_source=feedburner&utm_medium=feed&utm_campaign=Feed%3A+PublicoPolitica+%28Publico.pt+-+Pol%C3%ADtica%29&utm_content=Yahoo%21+Mail