quinta-feira, 29 de maio de 2014

A famosa "estória" dos submarinos devidamente contada

Corre aí pela Aldeia....
 
SUBMARINOS
 
São 43 min de informação detalhada e bem documentada.
É pena que ainda não tenha passado num canal televisivo português.
Quem assina a peça é um jornalista que se chama António Cascais, por isso ele editou o programa em língua portuguesa.
Fez um bom trabalho.
Deixa claro que a compra foi combinada no governo de Barroso, que é o primeiro a dar o seu acordo ao negócio, que passa a ser seguido pelo ministro da defesa, Portas.
No final deixa a informação de uma cláusula contratual que obriga a que a revisão dos submarinos seja anual, pelo preço de € 5 milhões e pelo período de 30 anos, a ser feita nos estaleiros onde o submarino foi construído.
 
- Ver aqui o que passou na Televisão pública alemã (clicar sobre o "link"):
 

terça-feira, 27 de maio de 2014

Uma pergunta de A. Garrett (de 1846), cada vez mais actual....

 Mão amiga fez-nos chegar.... (sublinhados nossos):

 OPINIÃO
A Pergunta de Almeida Garrett 
por Viriato Soromenho-Marques, Professor Universitário

A organização não governamental Oxfam aproveitou a realização do Fórum de Davos, por onde passam algumas das personalidades mais poderosas do Mundo, para divulgar um importante relatório sobre a Desigualdade no Mundo de Hoje (Working for the few).  A informação é absolutamente Esmagadora e conta-nos algo que todos já começámos a saber não só pelo Conceito, mas também pela Experiência. Depois de 30 anos em que as Políticas Públicas do pós-guerra, a nível global, ajudaram a diminuir a Desigualdade, entrámos num Ciclo Inverso em que o Estado se tornou Instrumento dos Ideólogos do "Neoliberalismo" Económico. A Riqueza cresceu mas a Desigualdade, essa Explodiu numa Aceleração Exponencial. O Capitalismo Financeiro, na sua Desmesura Devoradora de Recursos Naturais e Capacidades Humanas sob o pretexto de ajudar o "Terceiro Mundo" a sair da Pobreza, acabou por criar dois Buracos Negros para onde o Planeta caminha: O da Crise Ambiental e Climática e o da Crise da Injustiça Social e da Desigualdade. Quando verificamos que na própria Europa a Pobreza se Dissemina como um vírus, percebemos que hoje não faz sentido falar em "Terceiro Mundo" porque esse é o único que existe... O Relatório conta-nos que 85 super-ricos possuem a riqueza  correspondente à da Metade Mais Pobre da População Mundial. Isto responde à pergunta formulada por Almeida Garrett em 1846 nas Viagens da Minha Terra: "E eu pergunto aos Economistas, Políticos, aos Moralistas, se já calcularam o número de indivíduos que é Forçoso Condenar à Miséria, ao Trabalho Desproporcionado, à Desmoralização, à Infâmia, à Ignorância Crapulosa, à Desgraça Invencível, à Penúria Absoluta, para Produzir Um Rico?"
Em 2014, um Super-Rico custa a Miséria de 41.176.000 Infelizes.

Só acrescentamos o seguinte: Garrett era um burguês e um Liberal, ainda que Liberalismo fosse, à época, uma doutrina política de vanguarda (o  1º vol. do Kapital, de K. Marx só sairia em 1867); todavia, apesar da sua "condição de classe" isso não o impediu de ver a injustiça social que nesse tempo se acentuava, quando a procissão do industrialismo ainda saía do adro (e em Portugal nem isso, nessa data)....
Pergunto-me se os burgueses e neoliberais de hoje têm esse tipo de preocupações?.... Bem, basta lembrar o senhorzito do "Eles aguentam, aguentam...", já aqui evocado neste blogue... - De onde é lícito concluir que burguesia de hoje não passa de um bando de aves de rapina sem moral e sem alma, nem outro objectivo que não seja o da rapina. Pelo que, apesar de serem "espécies protegidas", acho que também é licito concluir que andam a precisar de umas boas chumbadas!.... (e no passado domingo já levaram uma, mas ainda é pouco...)


sexta-feira, 9 de maio de 2014

Há muitos, mas estes estão em extinção...

Algures nas terras de Miranda, região autónoma da República de Trás-os-Montes e Alto Douro, há uma associação que muito tem feito pela preservação dos asininos, nome pomposo para os burricos que tanta importância tiveram, no Passado, nesta nossa Aldeia real...
Hoje, tal como todo o interior, estão em extinção! Por isso aqui divulgamos mais uma iniciativa destes heróicos resistentes que pugnam pela preservação da espécie.
Parabéns e... Força!, malta da AEPGA!
com um abraço do
Ti Zé!

A AEPGA e o Dia Internacional do Burro
 
Há mais de uma década que a Associação para o Estudo e Protecção do Gado Asinino - AEPGA - trabalha no sentido de conservar o Burro de Miranda - única raça autóctone portuguesa desta espécie, particularmente ameaçada de extinção – e de dignificar todos os burros do país, dando a conhecer o seu carácter dócil, a cultura que lhe está associada e os vários papéis que tão bem sabe representar – de professor, guia, terapeuta e, sobretudo, de amigo.
 
É por isso que te convidamos a celebrar o Dia Internacional do Burro connosco: para relembrar o seu valor inestimável, não só aqui na Europa, onde essas novas facetas têm vindo a ser descobertas, mas também nos países em desenvolvimento, onde os burros são os principais companheiros de trabalho de milhões de famílias desfavorecidas que, no entanto, raramente têm o conhecimento ou os recursos para lhes garantirem uma vida com saúde e bem-estar.
 
Ilustra as tuas orelhas de burro e exibe-as com orgulho – e não com vergonha, como aconteceu ao longo de séculos! Ao participares nesta acção, estarás a passar a mensagem de que o burro é um companheiro precioso que merece ter uma vida com qualidade, saúde e felicidade, e de que o Burro de Miranda, em particular, precisa de protecção. Junta-te a nós!
 
Para mais informações e download das orelhas de burro: www.diadoburro.pt

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AEPGA and the International Donkey Day
 
AEPGA, Associação para o Estudo e Protecção do Gado Asinino, has been working for over a decade to preserve the Miranda Donkey – the only Portuguese native breed of this species, which is particularly endangered – and to dignify every donkey in the country, namely by showing their gentle character, the cultural aspects related to them, and the various roles that they play so perfectly – as teachers, guides, therapists and, most importantly, as friends.
 
This is why we would like to invite you to celebrate the International Donkey Day with us: to remind the world of their priceless worth, not only here in Europe, where those new dimensions are being discovered, but also in developing countries, where donkeys are the main work partners of thousands of poor families who, nevertheless, seldom have the knowledge or the resources to ensure they lead healthy lives.
 
Decorate your donkey ears and flaunt them with pride – and not shame, as has happened for centuries! By participating in this action, you will be passing down the message that the donkey is a wonderful companion who deserves to live a good, healthy and happy life, and that the Miranda Donkey in particular is in need of protection.
 
Please join us!
 
For more information and download of donkey ears: www.diadoburro.PT
 

quarta-feira, 7 de maio de 2014

Os bombos da festa

Havia dantes uma classe socioprofissional normalmente detestada pelo comum dos tugas, porque eram considerados indolentes, arrogantes, arrivistas, e que normalmente chegavam aos cargos (quando não, "tachos") por via dos compadrios, cunhas e paus-de-bandeira nas caravanas e comícios partidários (isto na fase pós-25/04, pois anteriormente era através da Legião, ou inscrição na União Nacional). No tempo da "outra senhora", como o Salazar era "fómento" (outros diriam, comedido na despesa pública), o funcionário público era mal pago, mas, apesar disso, era invejado (e, como tal odiado) pelos demais, porque tinha algum poder (os "petits pouvoirs") e porque, chovesse ou nevasse, "o dele pingava sempre certinho ao fim do mês", ainda que fosse pouco. Mas isto era sempre compensado com algum pé-de-meia com que se poderia comprar uma leira, onde se plantavam umas couves e se criavam umas galinhas e da fome estavam os ditos resguardados. Até que por meios de graxa aos chefes, sempre se conseguia alguma mordomia mais, além dos bons contactos que se granjeavam no exercício profissional. Já para os outros era sempre a incerteza, sem resguardo. No pós-25/04, a fim de se pagarem favores políticos ou a adesão de proles (quanto mais alargada a família, tanto melhor, pois representava muitos votos), houve que arranjar empreguinho a muita boa gente, sobretudo a nível das autarquias, sempre engrossando a seguir a cada acto eleitoral. Mais uma vez, como não dava para todos, os "outros", os que ficavam de fora, passavam a nutrir um ódio visceral aos que tinham entrado para o sistema... E, no que toca aos "costumes" pequeno-burgueses, a coisa piorou, e de que maneira: desde os cafezinhos a meio da manhã e da tarde, com lanchinho, nas horas de serviço, no café da esquina, ao proverbial "coçar de tomates" e tirar o lixo das unhas com a tampa da esferográfica Bic, porque em alguns "serviços" até se estorvarem, por tantos serem. E quem não se lembra da piada que dizia que o funcionário publico nunca apanhava a Sida, porque não levantava o rabo para fazer nada? - Assim se foi avolumando o ódio ao funcionário público.
Quando começou a cruzada neoliberal, direccionada para o desmembramento do Estado, estava bom de ver que a Função Pública ia ser o alvo preferencial. E isso até colhia votos, atento o tal ódio dos "outros" a esse grupo de privilegiados, visto que "os outros" eram (ainda) maioritários relativamente aos tais "malandros". Racionalizar o Estado, moralizar o Estado, cortar na "despesa pública", tinha sempre subjacente o ataque aos funcionários públicos. Mas há aqui um pormenor: para o senso comum, o conceito de F. P. tanto mete no saco os serviços da administração central como os das autarquias, onde residia/reside o principal cancro. Mas, se no primeiro caso, o ataque foi/é desvastador, no segundo, os mesmos têm sido algo poupados, pelo menos no que toca à política de despedimentos. Porquê? Creio que é fácil de explicar: é que na função pública autárquica estão as bases do sistema, os que colam os cartazes e fazem as campanhas - os funcionários dos partidos - os que elegem os dirigentes (sobretudo os do "Centrão"), que, depois, têm na toda-poderosa ANMP um verdadeiro sindicato político, com mais peso do que o STAL. Por isso, vão sendo um pouco mais poupados que os demais.
Resumindo e concluindo, que era necessário moralizar e disciplinar o sector (Função Pública) penso que nisso todos estamos de acordo. Que isso implicava cortar alguns privilégios, também estamos de acordo. Que a "reestruturação" deveria implicar algumas fusões de serviços, mexidas inteligentes nos organigramas, também nos parece pacífico, se bem que sujeito à discussão interna no âmbito desses mesmos serviços. Mas, suspeitamos que, além dos cortes com meros objectivos contabilísticos para alcançar metas troikianas, houve (e há) um objectivo de desmantelamento de serviços públicos para entregar certas funções (e, no futuro, todas!) aos privados, com manifesto prejuízo para as camadas mais frágeis da sociedade (que é a esmagadora maioria - ver o post anterior, neste blogue). Ou seja, os patacôncios que hoje aplaudem a ofensiva anti-função pública, um dia destes terão saudades em que tinham um serviço público gratuito, ou quase, em vista das mais-valias (o tal lucro sempre ávido) que a "função privada" cobrará, na melhor lógica do Capitalismo selvagem (=neoliberalismo). E não me venham com as virtudes "auto-reguladoras" do Mercado. Basta ver como se combinam as gasolineiras e como aí funciona essa "auto-regulação"...


Enfim, feito este introito, aqui vos fica:


«Função Pública - Trabalhadores do Estado já custam o mesmo do que em 1981

Durante os últimos três anos, após a entrada da troika em Portugal, foram várias os sacrifícios pedidos aos portugueses, porém, talvez nenhum setor tenha sido tão afetado com o da Função Pública. Segundo notícia esta quarta-feira o jornal Público, a despesa com os trabalhadores do Estado regrediu, em termos orçamentais, para valores que só encontram paralelo em 1981, esperando-se que este ano esta rubrica absorva apenas 9,5% do PIB.
Cortes salariais, congelamento das carreiras, rescisões amigáveis, horários de 40 horas semanais e, por exemplo, cortes nos subsídios de férias e Natal, foram algumas das medidas impostas pelo Governo para fazer baixar a despesa com funcionários públicos.


O resultado? De 2010 a 2014, o peso da despesa com trabalhadores do Estado baixou dos 12,2% para os 9,5% do Produto Interno Bruto, valor que em 2015 deverá chegar aos 9%, segundo o que está inscrito no Documento de Estratégia Orçamental.
Mas a estratégia seguida pelo Governo poderá não dar os frutos pretendidos, uma vez que, segundo Joaquim Filipe Araújo, especialista em gestão pública da Universidade do Minho, consultado pelo jornal Público, o resultado final poderá ser apenas contabilístico, ficando a faltar fazer a verdadeira reforma do setor.
“Todas as mudanças que ocorreram nos últimos anos não têm qualquer estratégia de fundo e visam a resolução de problemas de curto prazo. (…) No final resolveremos a questão das contas públicas, mas criaremos um problema: uma administração fragmentada e sem coerência”, refere Araújo relativamente ao caminho seguido pelo Governo nos últimos anos e confirmada por José Oliveira Rocha, investigador na área da Administração Pública, que considera que “o Governo não se preocupou em gerir a administração pública, optou antes por gerir cortes”, referiu a este propósito.
O certo é que, três anos depois da entrada da troika em Portugal, de 2011 para 2013 o corte para os funcionários públicos com salário bruto acima de 1500 euros foi de 3,5% a 10%, sendo que desde o início do presente ano se verificou um corte também para os assalariados do Estado que recebam mais de 675 euros, que, neste caso, pode ir dos 2,5 aos 12%.»
in: http://www.noticiasaominuto.com/economia/213970/trabalhadores-do-estado-ja-custam-o-mesmo-do-que-em-1981?utm_source=gekko&utm_medium=email&utm_campaign=daily