sexta-feira, 16 de dezembro de 2016

"Revolução" ou Retrocesso?


Em tempos de Fim, fim de ano, fim dos tempos, etc., um Amigo enviou-nos este panfleto que afixamos aqui no salão da Junta, pois que na praça agora está frio e molhado. - Para reflexão.
Deixem-se de consumiços natalícios e parem um pouco para pensar.
É um panfleto pessimista-optimista, partindo do princípio progressista de que o mundo muda sempre para melhor... O autor, anónimo, não sabe que há retrocessos na História. A Idade Média foi um desses tempos. Regressou-se aos níveis da troca directa, depois de uma economia monetarizada (os romanos só não tinham o cartão multibanco porque não tinham electrónica, mas os denários circulavam desde a Hispânia à Palestina - aliás, com uns 30 desses, um tal de Judas vendeu o Mestre)...
Que o Mundo está a mudar a velocidade vertiginosa, creio que não há dúvidas... E, como "Ocidental", seja isto o que fôr, julgo que não é para melhor. Deitem foguetes os chineses, ou russos, ou indianos, ou mesmo a matilha islâmica... "Nós" não. E quando digo "nós", refiro-me aos tristes seres da Decadência, ou, no dizer de F. Pessoa, aliás, Ricardo Reis, "pagãos tristes da Decadência"...
Boas Festas e...
Finito!

Aqui fica, esperando que não vos estrague o Natal:
PREC (ML): PROCESSO REVOLUCIONÁRIO EM CURSO...(MUNDIAL em LANÇAMENTO)

PARA PONDERAR...

  Não sei se isto é de ponderar seriamente ou se é só alarmismo?.
que assistimos a grandes mudanças e inovações...claro que sim
se vamos sentir a diferença em meses...duvido,
mas em muito poucos anos....é mais que óbvio e certo

Está a acontecer na nossa rua e à nossa volta, e ainda não percebemos que a Revolução, uma nova Era já começou!

As pessoas andam um bocado distraídas! Não deram conta que há cerca de 3 meses começou a Revolução! Não! Não me refiro a nenhuma figura de estilo, nem escrevo em sentido figurado! Falo mesmo da Revolução "a sério" e em curso, que estamos a viver, mas da qual andamos distraídos (desprevenidos) e não demos conta do que vai implicar. Mas falo, seguramente, duma Revolução!

De facto, há cerca de 3 ou 4 meses começaram a dar-se alterações profundas, e de nível global, em 10 dos principais factores que sustentam a sociedade actual. Num processo rápido e radical, que resultará em algo novo, diferente e porventura traumático, com resultados visíveis dentro de 6 a 12 meses... E que irá mudar as nossas sociedades e a nossa forma de vida nos próximos 15 ou 25 anos!

.. tal como ocorreu noutros períodos da história recente: no status político-industrial saído da Europa do pós-guerra, nas alterações induzidas pelo Vietname/ Woodstock/ Maio de 68 (além e aquém Atlântico), ou na crise do petróleo de 73.

Estamos a viver uma transformação radical, tanto ou mais profunda do que qualquer uma destas! Está a acontecer na nossa rua e à nossa volta, e ainda não percebemos que a Revolução já começou!

Façamos um rápido balanço da mudança, e do que está a acontecer aos "10 factores":

1º-
 A Crise Financeira Mundial : desde há 8 meses que o Sistema Financeiro Mundial está à beira do colapso (leia-se "bancarrota") e só se tem aguentado porque os 4 grandes Bancos Centrais mundiais - a FED, o BCE, o Banco do Japão e o Tesouro Britânico - têm injectado (eufemismo que quer dizer: "emprestado virtualmente à taxa zero") montantes astronómicos e inimagináveis no Sistema Bancário Mundial, particularmente no Europeu, sem o qual este já teria ruído como um castelo de cartas. Ainda ninguém sabe o que virá, ou como irá acabar esta história !...

2º- A Crise do Petróleo : Desde há 6 meses que o petróleo entrou na espiral de preços. Não há a mínima ideia/teoria de como irá terminar. Duas coisas são porém claras: primeiro, o petróleo jamais voltará aos níveis de 2007 (ou seja, a alta de preço é adquirida e definitiva, devido à visão estratégica da China e da Índia que o compram e amealham!) e começarão rapidamente a fazer sentir-se os efeitos dos custos de energia, de transportes, de serviços. Por exemplo, quem utiliza frequentemente o avião, assistiu há 2 semanas a uma subida no preço dos bilhetes de... 50% (leu bem: cinquenta por cento, considerando bilhete + taxa de combustivel). É escusado referir as enormes implicações sociais deste factor: basta lembrar que por exemplo toda a indústria de férias e turismo de massas para as classes médias (que, por exemplo, em Portugal ou Espanha representa 15% do PIB) irá virtualmente desaparecer em 12 meses! Acabaram as viagens de avião baratas (...e as férias  massivas!), a inflação controlada, etc...

3º-
 A Contracção da Mobilidade : fortemente afectados pelos preços do petróleo, os transportes de mercadorias irão sofrer contracção profunda e as trocas físicas comerciais (que sempre implicam transporte) irão sofrer fortíssima retracção, com as óbvias consequências nas indústrias a montante e na interpenetração económica mundial.

4º-
 A Imigração: a Europa absorveu nos últimos 4 anos cerca de 40 milhões de imigrantes, que buscam melhores condições de vida e formação, num movimento incessante e anacrónico (os imigrantes são precisos para fazer os trabalhos não rendíveis, mas mudam radicalmente a composição social de países-chave como a Alemanha, a Espanha, a Inglaterra ou a Itália). Este movimento irá previsivelmente manter-se nos próximos 5 ou 6 anos! A Europa terá em breve mais de 85 milhões de imigrantes que lutarão violentamente pelo poder e melhor estatuto sócio-económico (até agora, vivemos nós em ascensão e com direitos à custa das matérias-primas e da pobreza deles)!

5º-
 A Destruição da Classe Média : quem tem oportunidade de circular um pouco pela Europa apercebe-se que o movimento de destruição das classes médias (que julgávamos estar apenas a acontecer em Portugal e à custa destes ultimos governos) está de facto a "varrer" o Velho Continente! Em Espanha, na Holanda, na Inglaterra ou mesmo em França os problemas das classes médias são comuns e (descontados alguns matizes e diferente gradação) as pessoas estão endividadas, a perder rendimentos, a perder força social e capacidade de intervenção.

6º-
 A Europa Morreu : embora ainda estejam projectar o cerimonial do enterro, todos os Euro-Políticos perceberam que a Europa moribunda já não tem projecto, já não tem razão de ser, que já não tem liderança e que já não consegue definir quaisquer objectivos num "caldo" de 27 países com poucos ou nenhuns traços comuns!... Já nenhum Cidadão Europeu acredita na "Europa", nem dela espera coisa importante para a sua vida ou o seu futuro! O "Requiem" pela Europa e dos "seus valores" foi chão que deu uvas. Só os muitos milhares de politicos e empregados na "organização", que dela dependem em ordenados e reformas ainda lutam desesperadamente pela sua continuidade.

7º-
 A China ao assalto! Contou-me um profissional do sector: a construção naval ao nível mundial comunicou aos interessados a incapacidade em satisfazer entregas de barcos nos próximos 2 anos, porque TODOS os estaleiros navais do Mundo têm TODA a sua capacidade de construção ocupada por encomendas de navios... da China. O gigante asiático vai agora "atacar" o coração da Indústria europeia e americana (até aqui foi just a joke...). Foram apresentados  nos mais importantes Salões Automóvel mundiais os novos carros chineses. Desenhados por notáveis gabinetes europeus e americanos, Giuggiaro e Pininfarina incluídos, os novos carros chineses são soberbos, réplicas perfeitas de BMWs e de Mercedes (eu já os vi!) e vão chegar à Europa entre os 8.000 e os 19.000 euros! E quando falamos de Indústria Automóvel ou Aeroespacial europeia...helás! Estamos a falar de centenas de milhar de postos de trabalhos e do maior motor económico,  financeiro e tecnológico da nossa sociedade. À beira desta ameaça, a crise do têxtil foi uma brincadeira de crianças! (Os chineses estão estrategicamente em todos os cantos do mundo a escoar todo o tipo de produtos da China, que está a qualificá-los cada vez mais - vejam-se os novos computadores e telemóveis a baterem as melhores marcas em inovação e preço).

8º- A Crise do Edifício Social : As sociedades ocidentais terminaram com o paradigma da sociedade baseada na célula familiar! As pessoas já não se casam, as famílias tradicionais desfazem-se a um ritmo alucinante, as novas gerações não querem laços de projecto comum, os jovens não querem compromissos, dificultando a criação de um espírito de estratégias e actuação comum e as ditas "modas de junções homosexuais" em voga que pretendem a Adopção Plena...

9º-
 O Ressurgir da Rússia/Índia : para os menos atentos: a Rússia e a Índia estão a evoluir tecnológica, social e economicamente a uma velocidade estonteante! Com fortes lideranças e ambições estratégicas, em 5 anos ultrapassarão a Alemanha!

10º-
 A Revolução Tecnológica : nos últimos meses o salto dado pela revolução tecnológica (incluindo a biotecnologia, a energia, as comunicações, a nano tecnologia e a integração tecnológica) suplantou tudo o previsto e processou-se a um ritmo 9 vezes superior à média dos últimos 5 anos!

Eis pois, a Revolução!

Tal como numa conta de multiplicar, estes dez factores estão ligados por um sinal de "vezes" e, no fim, têm um sinal de "igual". Mas o resultado é ainda desconhecido e... imprevisível.
Uma coisa é certa: as nossas vidas vão mudar radicalmente nos próximos 12 meses e as mudanças marcar-nos-ão (permanecerão) nos próximos 10 ou 20 anos, forçando-nos a ter carreiras profissionais instáveis, com muito menos promoções e apoios financeiros, a ter estilos de vida muito mais modestos, menos recreativos e bastante ecológicos.

Espera-nos o Novo! Como em todas as Revoluções!


Um conselho final: é importante estar aberto e dentro do Novo, visionando e desfrutando das suas potencialidades! Da Revolução! Ir em frente! Sem medo!

Afinal, depois de cada Revolução, o Mundo em geral sempre mudou para melhor!...

quinta-feira, 15 de dezembro de 2016

Reflexão sobre o "interior"

Mão amiga fez-nos chegar o texto que se segue, saído no Jornal Económico, e a quem munto agradecemos.

Concorde-se ou não, não deixa de ser uma reflexão com interesse aqui para a Aldeia, que, como sabem, se queda no tal de "interior"... 

Está aberto o debate, o que quer dizer, a discussão, aqui na praça do povoado (ou, porque está frio e um naboeiro do c******, será melhor ali dentro no café do Manel):


http://www.jornaleconomico.sapo.pt/noticias/sujeito-interior-99849

Sujeito Interior

Num tempo de precariedade e mobilidade que causam mal-estar social, o Interior pode proporcionar maiores oportunidades às pessoas de se enraizarem e de terem um lugar.
Na semana passada, o ministro-adjunto Eduardo Cabrita, acompanhado pelo ministro do Ambiente João Pedro Matos Fernandes, apresentou na Universidade da Beira Interior o Programa Nacional para a Coesão Territorial, no qual se dá relevo à sua maior dificuldade: a progressiva desactivação e despovoamento do Interior. O Programa é composto por um conjunto de 164 medidas, cuja implementação será monitorada pelo Conselho de Ministros com uma periodicidade semestral. Este importante documento foi preparado pela Unidade de Missão para a Valorização do Interior, coordenada por Helena Freitas. O seu último capítulo apresenta um título ambicioso: “Uma agenda para o Interior”. Ao lê-lo somos capazes de acreditar que o Interior estará para o Governo Costa como a paixão da educação esteve para o governo Guterres. O que faz falta, sobretudo no que tem de ambição. Este é o pretexto para nove notas que gostaria de pôr à consideração.
1.      O Interior de que se fala quando se fala politicamente do Interior não é uma categoria genuinamente territorial. Se assim fosse, Portugal pouco interior teria, pois é todo ele uma faixa que nunca dista muito mais de duas horas da beira-mar. O “jardim à beira-mar plantado” de que falava Tomás Ribeiro referia-se a Portugal inteiro, com costa e “interior”. O Interior não é, contudo, uma ilusão ou um mito. É uma realidade bem concreta e sentida por quem nele vive. Mas não tanto de natureza territorial quanto de carácter social, estabelecida por meios económicos e conservada por meios culturais.
2.      Na verdade, acontece com a desigualdade territorial o mesmo processo de reificação que, no passado, levou pessoas a justificar outras formas de desigualdade, como a de género, ou até mesmo a racial. A desigualdade resultaria de disposições naturais que ultrapassariam o âmbito da escolha política e seria, portanto, uma fatalidade. Mas tal como a diferença de género não é efectivamente a causa da desigualdade, também a diferença territorial não é a causa da desigualdade territorial. A reificação é um processo de naturalização que visa tornar-nos mais tolerantes à desigualdade que, de outro modo, não aceitaríamos num quadro democrático que se presume regulado por princípios de justiça social.
3.      Este artifício da polarização territorial Interior/Litoral é indissociável de uma outra operação de reificação: o ocultamento da variedade dos territórios postos sob o rótulo “Interior”. Um Interior homogéneo exacerba a diferença para com um Litoral igualmente representado como uma entidade homogénea. Se a primeira reificação tem de ser desmistificada na maneira como naturaliza uma desigualdade evitável, a segunda tem de ser invertida através de uma prática de diferenciação de “Interiores”. Não apenas para assim relativizar o absolutismo de que o território nacional tem por divisão primordial a divisão Interior/Litoral, mas, mais importante, para não desperdiçar o principal recurso para uma capacitação do Interior: precisamente, a sua variedade. Pelo que é preciso concordar com a declaração de Helena Freitas na apresentação do Programa: “O grande problema [de outros programas e das políticas públicas] é que olham para o interior como um todo”.
4.      Mas há outros grandes problemas no design de políticas públicas com que, em passado bem recente, foi enfrentada a questão do “Interior”. Um prende-se com a maneira como se encaram as políticas de discriminação positiva com vista à coesão territorial. Ou estas foram prontamente descartadas, como sucedeu, por exemplo, com a tristemente célebre evocação de um princípio do utilizador-pagador igual para todos, que serviu para justificar a desastrosa introdução de portagens nas auto-estradas do interior do país. Ou, não sendo descartadas, pelo menos foram desqualificadas ao serem interpretadas como políticas assistencialistas, quase sempre eivadas de paternalismo centralista, que no lugar de corrigir antes confirmam a desigualdade territorial e das respectivas populações, umas assumidas como genuínos sujeitos e as outras apenas como pacientes de assistência. Ambos os casos — o do igualismo e o do assistencialismo — falham na compreensão de que a discriminação positiva é um instrumento central, e não acessório, da governação. É dispensá-lo que torna o território um problema, deixando um tanto absurdamente o país desconfortável com o espaço que ocupa no mundo. As políticas de incentivos fiscais podem desempenhar aqui um importante papel. É disso exemplo a redução da taxa de IRC para micro, pequenas e médias empresas a exercer no Interior prevista no OE de 2017.
5.      Outro problema no enfrentamento da desigualdade territorial está numa espécie de romantismo da ruralidade, do valor histórico, da conservação, que sendo apreciável e tendo no turismo algumas oportunidades não deixa, ainda assim, de contribuir para musealizar territórios inteiros, deixando-os fora do tempo actual, concentrado noutros lugares. Na verdade, a musealização do Interior, se tomada como uma tendência de primeira ordem, apenas serve para confirmar a sua inactivação, não raro com maior condicionamento das populações residentes, que se vêem a si e às suas vidas objectivadas num papel turístico.
6.      Ainda outro problema com políticas passadas é a designada “racionalização da prestação de serviços públicos”. Se limiares mínimos de qualidade não podem ser postos em causa na prestação de serviços públicos, muito especialmente os de saúde, o critério da eficiência económica não pode resultar num desaparecimento quase literal do Estado de grandes porções do território. Mesmo que o recurso a serviços móveis ou virtuais resolva muito, o Estado não pode abandonar o território ou “estar” por lá apenas virtualmente.
7.      Por fim, um último problema tem que ver com sujeitos políticos. Há uma incapacidade de ultrapassar regionalismos e capelinhas dentro do Interior, quase sempre atravessados  por jogos de influências partidárias, que só embaraçam o desafio mais importante que é o de ter escala, ligando distritos e NUTS do Interior com ganhos de capacidade, racionalidade e inclusão. Contrariamente ao que pode parecer uma evidência, estes regionalismos resolviam-se, pelo menos parcialmente, com a regionalização política. Por exemplo, enquanto os presidentes das comunidades intermunicipais forem presidentes de câmaras, como se pode esperar que tenham uma prioridade diferente da que os elegeu como presidentes dos seus municípios? Entre a escala do poder central e a escala do poder municipal há um vácuo que deixa a escala de interdependências e sinergias regionais de que o país precisa sem escala  democrática apropriada.
8.      À falta que a regionalização faz soma-se a falta de representação dos territórios despovoados na Assembleia da República. O Litoral, que corresponde a apenas 11% do território, elege mais de metade dos parlamentares. E os oito círculos eleitorais do Interior, cuja área cobre 56,3% do território nacional – Beja, Bragança, Castelo Branco, Évora, Guarda, Portalegre, Vila Real e Viseu – não elegem mais do que 33 deputados, ou seja 14,35% do parlamento. Além de escassa, esta representação parlamentar do Interior está comprimida aos  grandes partidos. Razões para reflectir sobre a necessidade de uma reforma eleitoral e ponderar unir círculos eleitorais aumentando o número e a diversidade de deputados que representam o interior.
9.      Apesar de todas as reificações, o “Interior” que preenche o imaginário de muitos, sobretudo dos que o habitam, tem também uma semântica positiva incrustrada e que tem de ser pensada para lá dos seus limites territoriais. Tal como os problemas de interioridade não são exclusivamente do Interior, também as soluções para a interioridade podem ser encontradas, sem exclusivismos, numa semântica do Interior. Uma semântica que proponha o Interior não como uma fatalidade mas como uma visão capaz de responder aos seus problemas em primeiro lugar, mas igualmente aos problemas nacionais e até aos problemas globais. Num tempo de precariedade e mobilidade que causam mal-estar social, o Interior pode proporcionar maiores oportunidades às pessoas de se enraizarem e de terem um lugar. E a pergunta a pôr é se não é essa uma boa maneira de conceber o desenvolvimento, seja qual for a escala em que o pensemos? Em suma, o Interior só deixará de ser o paciente se dele fizermos um pleno sujeito, político e com visão.

O autor escreve segundo a antiga ortografia [este é cá dos nossos!! - que s'alixe lá o (des)Acordo "Hortográfico"]
 


quinta-feira, 11 de agosto de 2016

Ainda sobre os fogos de Verão... e porque é Verão!...

Os bitaiteiros da nossa praça já disseram para aí munta coija sobre isso dos FOGOS... Por isso, não querendo ser mais um, abstive-me de mandar mais lavercas sobre o assunto.

Mas, entretanto, encontrei por aí na rede umas bocas de um amigo, a propósito de um artigo da jornalista Helena Matos, este: http://observador.pt/opiniao/fogo-de-vista/   

- publicado no pasquim virtual neo-liberal "Observador", e achei por bem compartir connvosco, pois é exactamente o que penso:

«Pois é, querida Helena Matos, será exactamente nos "meios" que anda o busílis da questão... 
Desde os anos 80 que começamos a ver a progressão desses meios: lembro-me de um improvisado heliporto, em frente do quartel dos bombeiros da terrinha, em que, na extremidade traseira, junto ao rotor vertical, havia uma bandeirinha... Qual? qual?... Creio q ainda se chamava República Federal da Alemanha... Quem fretava os ainda hoje denominados "meios aéreos"? Diziam q era um negócio que chegava a ministros e secretários de Estado... Seria ainda a' conta da tal malinha do Rui Mateus (o tal q foi a' horta, por conta de quem ficou a' porta)? Seria por conta já dos famosos chubchidios q corriam então a' pala da entrada na UE, e q estamos hoje a pagar? Bem, os tais calicopteros entretanto desapareceram, mas o negócio dos aviões não parou... Assim como o negócio dos tanques, camiões-cisterna, mangueiras, capacetes, uniformes, etc., etc.... Até a' situação - que esta ouvi eu a um bombeiro, em tom recriminatório, a um senhor q teve o fogo perto da sua casa de campo: "o sr. sabe q tem de ter o mato limpo 50 metros em redor da casa?" Ao q a pessoa respondeu q costumava ter, mas o caseiro reformou-se, e não sabia a quem encomendar esse trabalho, visto q vivia no Porto... "- Mas há cá quem faça isso!" Quem? - perguntou o homem. "- Fale com o sr. X". - E onde e' q o encontro? "- Costuma estar pelo nosso quartel." Poixxx...... É algo parecido com os vírus e os anti-virus informáticos... A necessidade gera a resposta à necessidade - lei da satisfação das necessidades. Estuda-se em Economia. E assim, depois do "fogo pastor" de antanho, ou da locomotiva a vapor, ou dos reaças, de que fala a Helena Matos, ou ainda o "fogo pirómano", ou do madeireiro, ou da celulose, etc., há a considerar este tipo de fogo neoliberal... Business!... Business.... Tudo é business, neste sistema. De certeza q alguém lucra, à custa de quem paga os custos milionários desta indústria do apaga-fogos... Ah, e falando de Economia, já o Keynes dizia que a crise americana dos anos 30 se resolvia pondo metade dos desempregados a abrir buracos, e a outra metade a tapá-los, pagando-se alguma coisa, a uns e outros, por isso. Punha-se assim o capital de novo a circular. Podia-se adaptar o princípio, pondo-se metade dos portugueses desempregados a chegar fogo, e a outra metade a apagá-lo, pois sempre seria uma repartição mais justa, do que irem os milhões só para alguns. Quando já não houvesse nada mais para arder, acabava-se o problema. Ah, e agora sim, metade a abrir buracos, outros a por árvores e a tapar as covas (com as televisões a filmar tudo, sobretudo os fogos, que dão sempre umas excelentes imagens). Quando as árvores crescessem, voltava-se a queimar e a apagar e a replantar, e assim sucessivamente, pois no capitalismo o negócio não pode parar....
Claro que só ironicamente se pode aventar tal coisa. Claro que seria preferível pôr os desempregados, os bombeiros, a pouca tropa que ainda resta, os voluntários (sobretudo os jovens), pessoal dos municípios e juntas de freguesia, além dos proprietários, a trabalhar na prevenção: A) limpeza das matas; B) acções de sensibilização e consciencialização. Claro q isto é uma utopia, e estragava o tal negócio chorudo de uns poucos... Só assim se explica que tantos anos volvidos ninguém ponha cobro a este "negócio de verão", e que quando se apanha algum miserável "pirómano", em pouco tempo está cá fora, se é que tão pouco vai dentro, com o atestado de inimputabilidade apresentado a tempos por qualquer advogado ratolas que alguém misteriosamente pagou...
Enfim, é verão. Uns vendem gelados na praia, outros andam nos fogos. Um negócio como outro qualquer, diz o tuga, encolhendo os ombros no seu típico jeito do "não é nada comigo". Sim, porque isso de consciência ambiental são manias de países ricos. Deixem "trabalhar" quem "trabalha".... »

segunda-feira, 25 de julho de 2016

OS VAMPIROS - o outro terrorismo, ou o fim dos tempos?

Mão amiga fez-nos chegar mais esta, para tentarem perceber a "mãozinha oculta" que anda nos bastidores desta coisada toda...
- Já gora, sublinhámos a amarelo o nome do célebre Banco para onde foi o "camarada Abel" (nome de código de um rapaz guitcho, de quando andava no célebre MR-Pum-Pum!, e que nas Europas ficou conhecido por Mister Barroso...).  Pelos vistos são os prémios (ou torrões de açúcar) que no fim se dão aos lacaios do célebre imperialismo - americano ou europeu pouco importa -  e do Capitalismo, sistemas hediondos que certos moços (como o dito) há uns 40 anos apedrejavam... - Já dizia o meu avô que nunca digas "desta auga nunca beberei"...
- O (i)mundo é mesmo dos espertos....

Boas férias, para quem ainda as tiver...

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 Para os desgraçados que dizem que NÃO HÁ ALTERNATIVA !

Texto de Domingos Ferreira, da Universidade Nova de Lisboa, Professor/Investigador na Universidade do Texas, EUA. 

«- Sabia que a Goldman and Sachs,Citygroup, o Wells Fargo, e outros semelhantes apostaram biliões de dólares na destruição do euro? Se o EURO cair ou desvalorizar, eles ganham milhões!!

- Sabia que obtiveram avultadíssimos lucros durante a crise financeira de 2008 ( que permanece viva...) e há suspeitas de que foram eles que manipularam o mercado?

- Sabia que o Senado norte-americano levantou um inquérito que resultou na condenação destes gestores que apostaram em tombar a Europa? Mas tudo ficou na mesma...

- Sabia que ficou demonstrado que o banco Goldman and Sachs aconselhou os seus clientes a efectuarem investimentos no mercado de derivados num determinado sentido, mas o próprio Goldman and Sachs realizou apostas em sentido exatamente contrário no mesmo mercado?

- Sabia que deste modo, obtiveram lucros de 17 biliões de dólares (com o respetivo prejuízo para os seus clientes)?

- Sabia que estes manipuladores se estão a transformar nos homens mais ricos e influentes do planeta e se divertem a ver os países tombar um por um?

- Sabia que todos os dias são lançadas milhões de pessoas no desemprego e na pobreza em todo o planeta, em resultado desta actividade predatória?

- Sabia que tudo acontece com a cumplicidade de alguns governantes e das autoridades reguladoras?

- Sabia que desde a crise financeira de 1929 que o Goldman and Sachs tem estado ligado a todos os escândalos financeiros que envolvem especulação e manipulação de mercado, com os quais tem sempre obtido lucros monstruosos?

- Sabia ainda que este banco tem armazenado milhares de toneladas de zinco, alumínio, vários outros metais, petróleo, e até cereais, etc., com o objectivo de provocar a subida dos preços e assim obter lucros astronómicos, manipulando o mercado?

- Sabia que, desta maneira, manipula o crescimento da economia mundial, e condena milhões de pessoas à fome?

- Sabia que o Goldman, com a cumplicidade das agências de rating, pode declarar que um governo está insolvente e, como consequência, os produtos financeiros sobem e, assim,obriga os países a pedirem mais empréstimos com juros agiotas impossíveis de sustentar?  (como se tem feito com a Grécia, Portugal e outros) - Em simultâneo impõe duras medidas de austeridade que empobrecem esses países.

- De seguida, em nome do aumento da competitividade e da modernização, obriga-os a vender os sectores económicos estratégicos (energia, águas, saúde, banca, seguros, etc.) às corporações internacionais por preços abaixo do que valem.

- Para isso, infiltra pessoal dos seus quadros nas grandes instituições políticas e financeiras internacionais, de forma a manipular a evolução política e económica a seu favor e em prejuízo das populações. Cargos como os do CEO do Banco Mundial, do FMI, da FED, etc. de que fazem parte quadros oriundos do Goldman and Sachs. E na UE estão: Mário Draghi (BCE), Mário Monti e Lucas Papademos (primeiros-ministros de Itália e da Grécia, respectivamente), Vitor Gaspar, Carlos Moedas, e muitos outros que por lá passam para aprenderem como se roubam os povos do Mundo e se fazem fortunas pessoais e/ou de corporativas financeiras.

- Sabia que alguns eurodeputados ficaram estupefactos quando descobriram que alguns consultores da Comissão Europeia, bem como da própria Angela Merkel, têm fortes ligações ao Goldman and Sachs?

- Sabia que este poderoso império do mal, está a destruir não só a economia e o modelo social, como também as impotentes democracias europeias?

- Sabia que é do absoluto interesse deste mundo financeiro que não passe pela cabeça dos povos que já estão a viver, diariamente, com a ameaça crescente deste terrorismo?»

NOTA: alguns sublinhados são de nossa responsabilidade - Este texto deve ser anterior à entronização do camarada Abel/Mr. Barroso...

quarta-feira, 13 de julho de 2016

Ainda a vitória portuguesa: Saint Denis (2016) vs. Aljubarrota (1385) e algo mais...

(foto Reuters)

Depois que todos os bitaiteiros de serviço já debitaram tudo e mais alguma coisa sobre a vitória da selecção portuguesa no campeonato da Europa/2016, penso que já não há mais nada a dizer.
Mas como ainda não encontrei escrito (se calhar já alguém o disse, mas não chegou aqui à Aldeia), algo que logo me ocorreu, deixem-me cá também meter a foice na seara, se bem que já ninguém faça as segadas, nem colha palha nem grão.
O primeiro aspecto a destacar, foi, antes do jogo, a possibilidade de um combate de David e Golias... a probabilidade de se acertar com a pedra entre os olhos do gigante, para mais este a jogar em casa, era muito diminuta, para não dizer nula, além de que, desde o princípio, embora eu seja pouco dado a fubebóis (um novo ópio do povo, para usar a expressão de um certo Carlos Marques, que viveu no século XIX), fiz parte do enorme batalhão de cépticos que duvidava que esta selecção fosse a algum lado, a jogar como jogava...
Percebi, depois, que era uma questão de tacticismo, que o treinador, engenheiro, resumiu na equação:
jogamos bonitinho > perdemos!, logo, há que jogar feiinho, fechadinho, com muitas cautelas e caldos de galinha, e pode ser que se chegue lá... - dúvida que o homem não exteriorizava, antes pelo contrário, para motivar a malta. Entretanto, porrada da velha, da parte dos críticos, a começar pelos da casa - que nisto os tugas são, de facto, muito bons!
Quando a coisa se começou a compor, chegada a selecção às meias-finais, alguns começaram já a falar de um "futebol científico", de "bata branca", como traço característico do Engenheiro.
Eu, Tomé, me confesso, que, quando, entrado o jogo final com a todo-poderosa, chauvinista e arrogante França, vi arrumarem com o C. Ronaldo, imaginei o descalabro! No mínimo uns 5-0, mas já não era mau chegar-se à final, e o episódio da pantufada no Ronaldo mais do que justificava o desaire. Já tínhamos uma boa desculpa, pois que não era garantido que, mesmo com Ronaldo, algum dia se ganhasse alguma coisa, a não ser... juízo!
Mas, eis que chega o final da 1ª parte, e não é que a rapaziada consegue aguentar o resultado nos 0-0. Bem, isto já é uma vitória, pensei, perante estes franceses que julgavam que aquilo ia ser como quem limpa cús a meninos, e, mais ainda, sem Ronaldo... Continuei a ver, e ia constatando que a rapaziada do "petit Portugal", sempre que podia, ameaçava o Golias, em vez de se encolher em frente da baliza, à grega em 2004. Chega o final dos 90 minutos e... o impensável: 0-0.  Para mim, já era uma vitória - e, para mais, sem Ronaldo!!!  - Os franciús já tinham levado uma pequena grande lição, para não serem tão arrogantes e pensarem que eram favas contadas.
Aguardando por um massacre ao prolongamento, passa a 1ª parte do dito, e, eis que persiste o 0-0. Ah, já me esquecia, o Empate era a grande especialidade da malta neste campeonato, e, parece, que a grande estratégia do F. Santos. Bem, se se conseguir aguentar isto e obrigar a França aos penaltis, isto era já, de novo, uma grandiosa humilhação para a França... A imaginar as manchetes da imprensa mundial, no dia seguinte, a dizerem: o "petit Portugal" obriga a França a ir a penáltis... - E, para se cumprir o Fado, morreríamos na praia, como sempre.
Mas... le voilá!... para minha grande surpresa, o improvável aconteceu. Um para mim desconhecido rapaz, nascido nas Guinés, viria a salvar a honra da selecção portuguesa, resgatando-a de tudo quanto mal dela se disse - e, decerto, continuaria a dizer. O treinador, o Engenheiro, tinha dado o mote, na véspera: "que gozo me daria ver nos jornais, no dia seguinte, que uma selecção que não joga nada, ganhou o campeonato" - mais ou menos isto. E ainda acrescentou: "isso é que eu ia gostar!... aliás, vou gostar". Tudo isto, conjugado com um vaticínio que o mesmo fizera, muito antes, de só regressar a casa no dia 11/07, e "em festa", e, ainda, o ter aparecido logo após a vitória, com um discurso aparentemente escrito algum tempo antes, e, mais ainda, a sua devoção religiosa e a menção final, que de pronto entendi - "non nobis domine, non nobis, sed nomini tuo da gloriam" - fizeram-me crer que isto tinha sido, na verdade, algo miraculoso. Aquele guarda-redes que defendia tudo, aquele providencial remate francês ao poste, e, no final, um improvável "patinho feio" malquisto, que assim foi tocado pela Graça de ser o Salvador de uma pátria vilipendiada e eternamente sob a espada de Dâmocles de um eterno "default", sim, tudo isto, soava a algo estranho e incompreensível à razão humana...
Pus-me a ler algo mais sobre o Condestável da selecção portuga, e foi-se-me fazendo Luz e julguei ter entendido melhor o milagre de Saint Dennis... Uma réplica de Aljubarrota, muitos séculos depois. E também aí, grande parte dos cronistas da época escreveram que o que os tugas fizeram ia contra todos os preceitos da guerra (as "covas de lobo", os archeiros ingleses - o arco era visto como uma arma algo covarde, porque matava à distância)... Também aí não se deve ter "jogado bonitinho", mas se o objectivo era ganhar... foi conseguido! E o Nun'Alvares, S. Nuno de Santa Maria, igualmente um místico tocado pela divina Providência. "Humildes como as pombas, mas astutos como as serpentes!" - provérbio mencionado pelo Fernando... Santos!, em resposta a um jornalista brasileiro durante a conferência de imprensa final, creio que resume todo um programa. Por isso, um outro jornalista, a propósito da afirmação "só vou para casa dia 11 - e vou ser recebido em festa", acabou a ironizar, após a chegada à final: "o que é que ele sabe, que nós não sabemos?"
- Depois o milagre ganhou outras latitudes, ainda antes da final, como se uma corrente eléctrica começasse a galvanizar forças invisíveis e planetárias: não só os emigrantes portugueses pela Europa, mas por todo o mundo. E não só os emigrantes!... a páginas tantas, grande parte da Lusofonia: do Brasil a Timor-Leste. Por momentos, parece que se reconstituía a velha pátria multicontinental e plurirracial, posta em causa em 74. Se considerarmos que o golo salvífico foi de um natural da antiga Guiné Portuguesa (ainda que nascido já depois da independência), que o grande defesa Pepe é brasileiro, mas que, ainda há filhos da emigração, como Raphael Guerreiro, já nem sequer falando português, ou outros guerreiros com nomes afrancesados (Adrien, Cedric), somos levados a concluir que o "império do Espírito Santo", de que falava Agostinho da Silva, anda por aí, e, afinal, é no Futebol que se corporiza! - que outra coisa poderia fazer vibrar o mais longínquo e diferente dos povos que tocámos, os timorenses? - Gente que acordou de madrugada, ou não se deitou, para ver o jogo da final, como já tinham festejado, como ninguém, o triunfo nas meias-finais? - Há, neste caso, uma empatia antiga, que desmente essa coisa dos "bandidos exploradores e colonialistas", labéu que se nos colou à pele (e que certa "inteligentzia" tuga assumiu num exercício de auto-flagelação interminável), mas, não deixa de ser outro lado do milagre.
- Quando, pelos dias de júbilo, um pobre paízeco que deu a volta ao mundo e acabou pobrezinho - o "petit Portugal" - anda pelas ruas da amargura, com ameaças (e parece que mais que isso) de mais sanções e castigos por parte da Europa rica e arrogante, e, em contrapartida, recebe este conforto de outros povos e comunidades dispersas pelo mundo, tendo por obreiros os esforçados combatentes de uma selecção de futebol, ainda que isto não nos salve, não deixa de ser um certo bálsamo para certas dores antigas.
Obviamente não acreditamos que esta pequena "Aljubarrota" tenha algum efeito redentor, como aconteceu em 1385, e que se consiga algum reencontro com o Mundo por onde andámos (o Passado ficou lá atrás), fazendo-nos saltar por cima desta Europa moribunda que só arreganha os dentes aos pequeninos, como diria Calimero: "qui tutti ce l'hanno con me perché io sono piccolo e nero... è un'ingiustizia!"
- Mas, decerto, não ficaria mal aos senhoritos da política (ou pulhítica), porem os olhos nos trabalhadores do Desporto (e não só no Futebol, pois que nesta mesma ocasião, o Atletismo deu cartas), de forma a conseguirem levar "isto" a bom porto...  Ah, já quase me esquecia de um outro triunfo tuga, não sei se político, ou, agora, financeiro: o Cherne de águas profundas!! - mas deste não nos ocuparemos hoje.

sexta-feira, 24 de junho de 2016

BREXIT - Princípio do fim da "Europa"...


Esta "construção europeia", há muito que o dizemos, é uma espécie de mito da Torre de Babel. Muitas línguas, muitos povos, muitos interesses, muitas diferenças, muitos ódios ancestrais que radicam em centenas (ou mais de um milhar) de anos de História.  É um velho mito recorrente da velha Europa, a tal que o touro raptou...  Digamos que a versão mais conseguida ocorreu há já mais de 2000 anos, com o império romano. Com a queda deste, volta e meia, lá se voltava à tentação da unidade perdida. O Uno e o Múltiplo na sua "maravilhosa diálise", como dizia o outro. Bizantinos, Carlos Magno, Carlos V, Filipe II (neste caso era já o mito do império universal, concretizado pelos íncolas da cínica Albion), até Napoleão e Hitler, todos tiveram essa tentação de reconstrução do sonho do império perdido, mas sob a sua bandeira. Até que a Alemanha, depois das derrotas da 1º metade do último século do IIº milénio, aprendeu a lição, e concluíu que o novo domínio e o novo império já não consistia em plantarmos a nossa bandeira nos territórios dos vizinhos. Habilmente enganchou o braço no outrora inimigo meio-latino, a França, e lá se tentou o regresso ao velho mito Babelónico. Com os da Grande Ilha sempre a olhar de través, rivais ou inimigos que sempre foram de Franças e Alemanhas. Por isso a Ale, com Manha, depressa percebeu que não podia deixar de fora o anglo-saxónicos. Só que estes, sempre com a mania de serem diferentes (um complexo insular que a psicanálise dos povos deveria estudar melhor e que se consubstancia naquela expressão joão-jardinesca - "os do continente" =cubanos, paradoxo, pois Cuba também é uma ilha), continuaram arreigados à sua £ibra, que sempre foi a outra face do dólar. Para já não falar naquela coisa do volante dos automóveis ao contrário, de nunca terem aderido ao sistema métrico universal (só porque foi implementado pelos franceses), etc.. - Mas, decerto a contragosto, esperando daí tirar algumas vantagens, lá entraram para a tal de CEE e assim foram ficando até à UE (a nova torre de Babel). Mas sempre a resmungar, claro.
Entrado o séc. XXI a tal de "Europa" começou a abrir brechas por todo o lado. E a mesma Alemanha que chegou a tentar empurrar a Grécia para fora (e ainda não está livre disso), ou mesmo outros PIG'S mediterrânicos, talvez sonhando uma Europa do Norte rica, protestante-calvinista e neoliberal, claro que se deve preocupar muito mais com esta saída, pois assim faltará o calço de panela britânico e isto pode ser o princípio do Fim. O problema é que não é só isto: há ainda os novos Bárbaros que já estão cá dentro e a entrar todos os dias. O barco está a afundar-se e é natural que os ratos saltem fora [atenção: o cartoon que ilustra esta prosa só foi adicionado umas horas depois, como alguns saberão, mas assenta que nem uma luva].
A mesma Ale-manha, que, manhosa, viu apenas os seus interesses e uma tentativa (mais uma) frustrada de alargamento para Leste (pois, a Ucrânia...), agora corre o risco de ficar a brincar sozinha.
Como vaticinámos há muito, a nova Idade Média está aí, e um dos seus traços característicos é o espartilhamento, como aconteceu após a Queda do Império Romano... A economia regionalizar-se-á e inch'Allah que não voltemos aos níveis da troca directa (ler "Guerreiros e Camponeses" do velho e grande George Duby)...
A cínica e bêbada Inglaterra (como a apodava o vate freixenista Guerra Junqueiro) já deu o mote. Quem são os senhores que se seguem?

- Para saber mais: https://www.noticiasaominuto.com/mundo/611272/o-sim-que-abalou-a-europa-derrubou-cameron-e-afundou-bolsas?utm_source=gekko&utm_medium=email&utm_campaign=afternoon


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Bem, e dito isto vou agora vou ali tratar de umas couvitas, que escritas não enchem a panela... - Um bô S. João pra todos, são os votos cá do vosso Ti Zé.


quinta-feira, 26 de maio de 2016

Quando a Aldeia se torna putrefacta...

Da Aldeia os bons partiram há muito. Eram os mais capazes, os mais inteligentes, os mais sensatos. Os que ainda restam (ou restavam), ou iam aparecendo, anunciam-me que não tardam a partir. Alguns partiram para sempre, para o Além, jazem no campo santo... Manel, meu bom Amigo, lá onde estejas, sei que estás a ler-me e a sorrir... Só os filhos da puta não morrem, porque o Mal, esse é eterno. O veneno os conserva... E à medida que a Aldeia minga, que os empregos disponíveis (para não falar dos "tachos"), ou as oportunidades para esmirfar a teta da vaca da junta de freguesia, ou os dinheiros públicos, vão escasseando, mais os chicos-espertos olham de través para os que ainda restam que lhes possa fazer sombra. Na terra dos cegos, esses que se julgam com um olhinho vivo e pé ligeiro, de coluna vertebral mais do que dúctil, serpentina, almejam ser os reis. E entram a odiar de morte aqueles que eles sabem que têm dois olhos e lhes topam o jogo. Nem precisam de fazer sombra: basta saber que lhes topam o jogo. Além dos pobres homens e mulheres que trabalham e vão vivendo a sua vida, eram os puros, os honestos de antigamente, em extinção, a acabar no lar da terceira idade, há uns típicos papalvos ditos de "classe média", outros uns valdevinos que nada fazem mas com pretensões a intelectuais e que não suportam quem, no entender deles, os não deixam "brilhar" e estender-se ao comprido no sol dourado da "sua" Aldeia. Tornando-se bichos muito territoriais, tentam apoderar-se da Aldeia, consideram-se donos dela, e daí ao "vai lá para a tua terra!", mal pressentem que alguém dos que eles odeiam tem o handicap de não ter nascido no seu curral. Às vezes disfarçam, usam a tal duplicidade que lhes advém da dita ausência de coluna vertebral: pela frente uma coisa, por trás são outra. Então, à mínima questão, o verniz estala-lhe e o veneno vem ao de cima. E como lhes falta o intelecto (apesar de terem pretensões a tal), partem para a força e para a violência, aspirando assim à categoria de heróis que conseguiram correr com o cão que não tinha o mesmo cheiro - também é uma questão de feromonas... - O "bairrismo" é a expressão da territorialidade animal teorizada por K. Lorenz.
O grande mérito de Rentes de Carvalho foi o de ter desmistificado a Aldeia... sim, nós também a fantasiámos, a enaltecemos, a defendemos como reduto de todos os valores positivos, por oposição ao mundo cão exterior. Ingenuidade... - Como bem a pintou Rentes (basta ler "Ernestina", esse livro cruel), a Aldeia não é idílica; é violenta, pérfida, velhaca, invejosa, intriguista, conspirativa, delatora, chantagista, e sei lá de que mais é capaz para trucidar aqueles em que, basta um, ou uma, ponha a mira. Sim, pode haver uma excepção ou outra, mas não passam disso mesmo: excepções! - As tais que vão partindo, e desguarnecendo a Aldeia do sentido crítico positivo, ou seja, de sensatez. 
Nestes tempos de fome, de finitude, em que área do pantanal se vai reduzindo e o esterco concentrando, parece que a violência e o veneno se concentram também, tornando a Agressividade exponencial contra os que eles sabem que não são "dos seus". - Daí ao animalesco "vou-te correr daqui pra fora", é um passo... - E não adianta andarmos a cobrir isto com florinhas primaveris... 
Não há flores que nos salvem e disfarcem o cheiro putrefacto que se exala destes mundos em extinção... Não há remissão possível. Mas, partir, é fazer-lhes a vontade e, isso sim, seria um acto de cobardia. Ficar, talvez seja um exercício de masoquismo, mas a resistência não é para os fracos....







quinta-feira, 14 de abril de 2016

Prenúncios de Idade Média...

Sintomático... 
- Quando os ricos (os Patrícios) colocam os teres e haveres nas Américas, enquanto os Bárbaros entram em catadupa... isso é.... 
             ... o prenúncio da IDADE MÉDIA, que há muito profetizei!....
              
O Futuro vai estar nas Américas e nas Rússias... Por cá ficarão os neo-moçárabes (os espécimes adaptativos) e a "bicharada islâmica"... Dois mil anos, para isto.... 
- Bolas!  E tinha de acontecer ainda nos meus dias...



                      

sexta-feira, 8 de janeiro de 2016

Sobre o tal de "Banco de Portugal"

Mão amiga fez-nos chegar este recorte, sem indicação de proveniência, mas autor identificado.
Creio que não deixa de ser uma análise muito certeira... Já sabia que o ordenado do "maioral" era muito chorudo (dizia-se até do Bitinho Constâncio que ganhava mais do que o presidente da reserva federal dos EUA), tal como os agentes que por lá andam, e, relativamente aos resultados são os que estão à vista... Os Bancos a estourarem, o pagode a pagar, e o mal dos amigalhaços banqueiros igual a... batatas!
Mas, uma coisa é o que diz aqui o Ti Zé, e outra é ser dita por quem sabe mais:

(clicar para AUMENTAR)