sexta-feira, 24 de junho de 2016

BREXIT - Princípio do fim da "Europa"...


Esta "construção europeia", há muito que o dizemos, é uma espécie de mito da Torre de Babel. Muitas línguas, muitos povos, muitos interesses, muitas diferenças, muitos ódios ancestrais que radicam em centenas (ou mais de um milhar) de anos de História.  É um velho mito recorrente da velha Europa, a tal que o touro raptou...  Digamos que a versão mais conseguida ocorreu há já mais de 2000 anos, com o império romano. Com a queda deste, volta e meia, lá se voltava à tentação da unidade perdida. O Uno e o Múltiplo na sua "maravilhosa diálise", como dizia o outro. Bizantinos, Carlos Magno, Carlos V, Filipe II (neste caso era já o mito do império universal, concretizado pelos íncolas da cínica Albion), até Napoleão e Hitler, todos tiveram essa tentação de reconstrução do sonho do império perdido, mas sob a sua bandeira. Até que a Alemanha, depois das derrotas da 1º metade do último século do IIº milénio, aprendeu a lição, e concluíu que o novo domínio e o novo império já não consistia em plantarmos a nossa bandeira nos territórios dos vizinhos. Habilmente enganchou o braço no outrora inimigo meio-latino, a França, e lá se tentou o regresso ao velho mito Babelónico. Com os da Grande Ilha sempre a olhar de través, rivais ou inimigos que sempre foram de Franças e Alemanhas. Por isso a Ale, com Manha, depressa percebeu que não podia deixar de fora o anglo-saxónicos. Só que estes, sempre com a mania de serem diferentes (um complexo insular que a psicanálise dos povos deveria estudar melhor e que se consubstancia naquela expressão joão-jardinesca - "os do continente" =cubanos, paradoxo, pois Cuba também é uma ilha), continuaram arreigados à sua £ibra, que sempre foi a outra face do dólar. Para já não falar naquela coisa do volante dos automóveis ao contrário, de nunca terem aderido ao sistema métrico universal (só porque foi implementado pelos franceses), etc.. - Mas, decerto a contragosto, esperando daí tirar algumas vantagens, lá entraram para a tal de CEE e assim foram ficando até à UE (a nova torre de Babel). Mas sempre a resmungar, claro.
Entrado o séc. XXI a tal de "Europa" começou a abrir brechas por todo o lado. E a mesma Alemanha que chegou a tentar empurrar a Grécia para fora (e ainda não está livre disso), ou mesmo outros PIG'S mediterrânicos, talvez sonhando uma Europa do Norte rica, protestante-calvinista e neoliberal, claro que se deve preocupar muito mais com esta saída, pois assim faltará o calço de panela britânico e isto pode ser o princípio do Fim. O problema é que não é só isto: há ainda os novos Bárbaros que já estão cá dentro e a entrar todos os dias. O barco está a afundar-se e é natural que os ratos saltem fora [atenção: o cartoon que ilustra esta prosa só foi adicionado umas horas depois, como alguns saberão, mas assenta que nem uma luva].
A mesma Ale-manha, que, manhosa, viu apenas os seus interesses e uma tentativa (mais uma) frustrada de alargamento para Leste (pois, a Ucrânia...), agora corre o risco de ficar a brincar sozinha.
Como vaticinámos há muito, a nova Idade Média está aí, e um dos seus traços característicos é o espartilhamento, como aconteceu após a Queda do Império Romano... A economia regionalizar-se-á e inch'Allah que não voltemos aos níveis da troca directa (ler "Guerreiros e Camponeses" do velho e grande George Duby)...
A cínica e bêbada Inglaterra (como a apodava o vate freixenista Guerra Junqueiro) já deu o mote. Quem são os senhores que se seguem?

- Para saber mais: https://www.noticiasaominuto.com/mundo/611272/o-sim-que-abalou-a-europa-derrubou-cameron-e-afundou-bolsas?utm_source=gekko&utm_medium=email&utm_campaign=afternoon


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Bem, e dito isto vou agora vou ali tratar de umas couvitas, que escritas não enchem a panela... - Um bô S. João pra todos, são os votos cá do vosso Ti Zé.